segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Gran Bretanha espionará todos os britânicos


Todas as chamadas telefônicas, os perfis e conversas no Twitter, Facebook, os e-mails e ainda as conversas dos cidadãos britânicos nos jogos on-line serão vigiados pelos serviços de inteligência e conservados durante um ano. E tudo por causa da ameaça do terrorismo.
Tais ferramentas, impróprias de uma ‘verdadeira democracia’, ficam estipuladas na nova lei que será submetida ao parlamento em maio e que foi promovida pelos serviços de segurança exterior (MI6) e interior (MI5) conjuntamente com a agência governamental GCHQ, que se ocupa de monitorar comunicações.
Assim, pela primeira vez em sua história, Gran Bretanha poderia se incluída na experiência dos EUA, onde se promove a vigilância em grande escala das comunicações de seus cidadãos, transformando o conceito de direito à privacidade e à livre expressão.

O painel do projeto supõe que todas as companhias de telecomunicações, os provedores de Internet, assim como os representantes das redes sociais e de jogos on-line, serão ordenados a criar uma base de dados comum que serão conservados durante um ano.
Espionagem on-line
Se informa que os serviços especiais terão acesso a esta base “em tempo real”, o que lhes permitirá obter informação sobre as pessoas as que se deseja monitorar com lupa.
Embora os dados não incluam o conteúdo das chamadas ou dos e-mails, seguirão o assim chamado método ‘de quém, a quém, onde?’, ou seja, se registrarão dados dos agentes de todas as conversas. Desta forma, além dos dados pessoais como o número de telefone ou a senha do Facebook ou Twitter, será revelado o lugar exato da chamada ou da emissão da mensagem curta emitida por um celular.
De fato, as companhias de comunicação são capazes de determinar o lugar desde onde uma pessoa realizou uma chamada com margem de erro de um metro. Igualmente se pode rastrear ao remetente e destinatário dos e-mails e as conversas dos internautas, determinado a direção IP do computador.
Segurança em troca de liberdades civís
Deste modo os agentes estatais poderão reconstruir todas as ações de uma pessoa vigiada, o que legitima a intervenção na vida privada em escala massiva, e põe contra as cordas os direitos civís.
O ministério de assuntos interiores justifica a medida pela necessidade de adaptar os sistemas de controle às tecnologias modernas que usam os delinquentes, e para combater as possíveis ameaças terroristas nos próximos Jogos Olímpicos de Londres deste verão, embora em seu comunicado negue que busque “desenvolver poderes mais intrusivos”.
Em 2009 este e outros motivos semelhantes justificaram a necessidade de estabelecer um controle mais rigoroso sobre as comunicações dos cidadãos. Mas então o Governo a recusou em seguida por quase nulo apoio da sociedade, que denunciou a ausência de limites transparentes no uso da informação pessoal.
Agora as mesmas preocupações inquietam aos defensores dos direitos humanos, que se pronunciam contra esta vigilância total que ameaça valores democráticos básicos. “Isto consistirá no esforço sistemático de espionar todas nossas comunicações digitais”, acredita Jim Killock, o diretor executivo do grupo Open Rights Group, citado pelo jornal inglês Daily Telegraph.
“Pode parecer inócuo, mas requer a intercepção ativa de cada conversa realizada, e isto nunca foi feito numa sociedade democrática”, assegura Gus Hosein, o ativista do grupo Privacy Internacional.
Espionagem ‘legal’ sob ameaça pirata
Tampouco as pessoas estão certas se os organismos estatais que tiverem acesso à base de dados sobre cada cidadão britânico serão capazes de protegê-la frente a um possível uso criminoso ou comercial.
“Cada ‘hacker’, cada ameaça mal intencionada, cada Governo estrangeiro querá ter acesso” a estes dados, diz Hosein. Em caso de que os cyber-piratas consigam acessar aos dados, poderiam explorar a informação para enviar spam ou proporcionar e-mails às empresas comerciais com as preferências das pessoas (pirateando para isto seus históricos de busca digital).
Além disto, os especialistas advertem que se os provedores de Internet forem ordenados a manter tais dados de busca, poderiam usá-los para vender os serviços publicitários às empresas interessadas.
A sociedade britânica está inquieta com a norma, embora também esteja preocupada com o terrorismo tanto local, como global. Neste contexto ainda não se pode prevêr qual será a aposta do povo britânico: segurança total ou liberdade de privacidade?

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