A crise na Grécia hoje , é um dos assuntos mais falados na mídia. Em meio a tantos protestos, greves e manifestações do povo que não aceitam as novas medidas para tentar "salvar" o país da crise, temos na verdade a triste história de um país que está entrando em falência e tomando medidas desesperadas para tentar salvar sua economia. E , em breve, teremos outros países entrando em colapso também...
Separei este artigo contendo perguntas e respostas sobre a crise e um vídeo para que você possa entender melhor ....
Dez perguntas e respostas sobre a crise da Grécia
Um ano depois de ter sido o primeiro país do euro a receber ajuda externa, a Grécia continua à beira da bancarrota. Veja aqui porquê.
1- Porque é que foi necessário avançar com um segundo plano de assistência à Grécia?
Porque o país não cumpriu as metas de redução do défice prometidas para 2010 e porque se tornou claro que, no rescaldo de três anos de recessão e num contexto de desemprego recorde (16%), não conseguirá cumprir as estabelecidas para este ano.
O factor determinante foi, contudo, a percepção de que, ao contrário do programado, o Estado grego não conseguirá no próximo ano regressar aos mercados financeiros para complementar aajuda externa, devido às taxas de juro proibitivas (têm tocado nos 25% a dois anos) que estão a ser cobradas no mercado secundário.
O programa acordado há pouco mais de um ano previa que Atenas regressasse ao mercado em 2012 para assegurar, junto dos investidores internacionais, 27 mil milhões de euros. Há, portanto, um novo “buraco” que é preciso tapar.
2- Porque é que se fala de bancarrota?
Porque as regras do FMI só autorizam que sejam transferidas as sucessivas fatias dos empréstimos num contexto em que esteja garantido o refinanciamento do país socorrido nos doze meses seguintes. À ameaça do FMI de que poderia não entrar com a sua parte, a Europa respondeu que não estaria em condições de o substituir. Em causa está a quinta fatia do empréstimo, de 12 mil milhões de euros. Se esta não for transferida em Julho, Atenas diz que terá de declarar bancarrota.
3- O que é que está a ser feito?
O programa de assistência financeira à Grécia está a ser profundamente revisto, tendo em conta que é preciso reforçar o valor do empréstimo, dilatar os seus prazos e ajustar o calendário de saneamento das contas públicas. A principal novidade é que, neste novo programa, os credores privados da Grécia vão ser chamados a “voluntariamente” participar.
Já Atenas, será forçada a vender rapidamente os (muitos) "anéis" que tem (o valor dos activos em posse do Estado rondará os 280 mil milhões de euros, segundo o FMI) e poderá ser submetida a uma “tutela” mais apertada, com uma intervenção mais directa do FMI e da UE no programa de privatizações e na própria colecta de impostos (há estimativas de evasão fiscal que apontam para 60 mil milhões de euros anuais).
4- Porque é que os credores privados estão a ser envolvidos?
Esta foi uma das mais firmes exigências doGoverno alemão que, desde logo, avisou que não teria condições políticas para aprovar no parlamento um reforço do empréstimo à Grécia (assumindo mais riscos em nome dos seus contribuintes), a menos que os bancos que detêm dívida grega participassem também no esforço para evitar o pior dos cenários – uma situação de incumprimento – de que seriam as vítimas mais directas.
5- Porque é que se fala de envolvimento “voluntário”?O envolvimento dos credores privados tem de ser feito com “pinças” para que não seja interpretado pelas agências de “rating” – e pelo BCE – como uma reestruturação da dívida grega, o que poderia desencadear (mais) uma vaga de descida de “ratings” (o "rating" grego já é o mais baixo do mundo, na escala de classificação da S&P) e de perdas entre os soberanos e, em particular, no sistema financeiro.
O objectivo é que os bancos e fundos que detêm dívida grega – em boa medida, alemães e franceses – aceitem adiar o pedido de reembolso das obrigações, aliviando, pelo menos no curto prazo, as necessidades de refinanciamento do Estado grego. O que se pretende é uma recalendarização dos prazos de amortização dos títulos, sem alterar o seu valor, nem a taxa de juro que lhe está associada. Mas isso algo que as agências de “rating” ameaçam tratar como reestruturação, pelo que a margem de manobra dos políticos para mexer na dívida grega é apertadíssima.
6-Porque é que se rejeita falar de “reestruturação”?
Muitos analistas consideram que a Europa está a empurrar o problema com a barriga e que, com uma dívida pública superior a 150% do PIB, pagar toda a dívida será uma missão impossível: mais cedo ou mais tarde, a Grécia terá de reestruturar, forçando os credores a aceitar um perdão parcial.
Nenhum responsável europeu defende, porém, uma reestruturação pura e dura, e a mais arreigada oposição tem vindo do BCE, que é um dos maiores detentores de títulos gregos (públicos e privados).
Uma reestruturação da dívida grega significaria sempre perdas elevadas e exigiria um reforço do capital do banco emissor do euro que ninguém quer, e poucos têm condições para fazer. Segundo estimativas do Barclays, o BCE terá o equivalente a 70 mil milhões em títulos de dívida soberana, sendo que quase metade (40 mil milhões de euros) é dívida grega, comprada no mercado secundário, ao longo do último ano, para tentar travar a subida das taxas de juro e um contágio a demais países do euro – objectivos amplamente falhados.
Por outro lado, uma reestruturação tenderia a gerar uma sequência de acontecimentos que poria (ainda mais) em risco o euro: depois de um “calote”, é provável que a Grécia fique longos anos ou mesmo décadas arredada dos mercados (e, logo, a ter de ser financiada pelos seus parceiros); o fenómeno poderia rapidamente contagiar os outros países já intervencionados (Portugal e Irlanda) e, nesse caso, dificilmente a “solidariedade” da Zona Euro resistira.
7- Como é que estão a ser aliciados os bancos?
Os bancos e fundos que se associarem ao novo programa grego poderão obter o estatuto de credor preferencial. Ficarão, assim, equiparados aos soberanos e ao FMI, o que significa que serão os primeiros a ser ressarcidos num cenário (precisamente o que se quer agora evitar) de incumprimento da Grécia que force a uma reestruturação pura e dura. A troco de maturidades mais dilatadas, sem alteração do capital e da taxa de juro acordada, estes credores poderão ainda obter pagamentos intermédios de juros.
8-Porque é que se faz referência à “Iniciativa de Viena”?
Porque as conversações com credores privados da Grécia estarão a seguir o exemplo da "Iniciativa de Viena", que, em 2009, enquadrou as intervenções externas no Leste europeu (designadamente na Hungria e Roménia), tendo os bancos mais expostos à dívida pública aceite recalendarizar os prazos de amortização e renovar contratos que haviam chegado ao prazo de vencimento, a troco de condições mais favoráveis.
9- E os gregos vão aceitar o novo plano?
Essa tem sido uma das variáveis mais sensíveis nesta equação complexa. Greves, manifestações violentas, ameaças de morte dirigidas ao presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, rebelião dentro do próprio Pasok, no governo … Tudo ilustra a enorme tensão política que se vive no país e que se agravou recentemente em torno do programa de privatizações. Para além de acusarem Bruxelas e Washington de terem exigido um programa de austeridade que hipoteca o crescimento da economia, partidos e sindicatos acusam a comunidade internacional de estar a forçar a venda de activos estratégicos a grandes bancos internacionais e a preço de saldo.
10- Quando é que o novo programa será aprovado?
Ainda neste mês. Estará hoje em cima da mesa dos ministros das Finanças do euro; voltará a ser discutido numa outra reunião no dia 20, com o objectivo de ser aprovado na cimeira europeia de 23 e 24 de Junho.
Separei este artigo contendo perguntas e respostas sobre a crise e um vídeo para que você possa entender melhor ....
Dez perguntas e respostas sobre a crise da Grécia
Um ano depois de ter sido o primeiro país do euro a receber ajuda externa, a Grécia continua à beira da bancarrota. Veja aqui porquê.
1- Porque é que foi necessário avançar com um segundo plano de assistência à Grécia?
Porque o país não cumpriu as metas de redução do défice prometidas para 2010 e porque se tornou claro que, no rescaldo de três anos de recessão e num contexto de desemprego recorde (16%), não conseguirá cumprir as estabelecidas para este ano.
O factor determinante foi, contudo, a percepção de que, ao contrário do programado, o Estado grego não conseguirá no próximo ano regressar aos mercados financeiros para complementar aajuda externa, devido às taxas de juro proibitivas (têm tocado nos 25% a dois anos) que estão a ser cobradas no mercado secundário.
O programa acordado há pouco mais de um ano previa que Atenas regressasse ao mercado em 2012 para assegurar, junto dos investidores internacionais, 27 mil milhões de euros. Há, portanto, um novo “buraco” que é preciso tapar.
2- Porque é que se fala de bancarrota?
Porque as regras do FMI só autorizam que sejam transferidas as sucessivas fatias dos empréstimos num contexto em que esteja garantido o refinanciamento do país socorrido nos doze meses seguintes. À ameaça do FMI de que poderia não entrar com a sua parte, a Europa respondeu que não estaria em condições de o substituir. Em causa está a quinta fatia do empréstimo, de 12 mil milhões de euros. Se esta não for transferida em Julho, Atenas diz que terá de declarar bancarrota.
3- O que é que está a ser feito?
O programa de assistência financeira à Grécia está a ser profundamente revisto, tendo em conta que é preciso reforçar o valor do empréstimo, dilatar os seus prazos e ajustar o calendário de saneamento das contas públicas. A principal novidade é que, neste novo programa, os credores privados da Grécia vão ser chamados a “voluntariamente” participar.
Já Atenas, será forçada a vender rapidamente os (muitos) "anéis" que tem (o valor dos activos em posse do Estado rondará os 280 mil milhões de euros, segundo o FMI) e poderá ser submetida a uma “tutela” mais apertada, com uma intervenção mais directa do FMI e da UE no programa de privatizações e na própria colecta de impostos (há estimativas de evasão fiscal que apontam para 60 mil milhões de euros anuais).
4- Porque é que os credores privados estão a ser envolvidos?
Esta foi uma das mais firmes exigências doGoverno alemão que, desde logo, avisou que não teria condições políticas para aprovar no parlamento um reforço do empréstimo à Grécia (assumindo mais riscos em nome dos seus contribuintes), a menos que os bancos que detêm dívida grega participassem também no esforço para evitar o pior dos cenários – uma situação de incumprimento – de que seriam as vítimas mais directas.
5- Porque é que se fala de envolvimento “voluntário”?O envolvimento dos credores privados tem de ser feito com “pinças” para que não seja interpretado pelas agências de “rating” – e pelo BCE – como uma reestruturação da dívida grega, o que poderia desencadear (mais) uma vaga de descida de “ratings” (o "rating" grego já é o mais baixo do mundo, na escala de classificação da S&P) e de perdas entre os soberanos e, em particular, no sistema financeiro.
O objectivo é que os bancos e fundos que detêm dívida grega – em boa medida, alemães e franceses – aceitem adiar o pedido de reembolso das obrigações, aliviando, pelo menos no curto prazo, as necessidades de refinanciamento do Estado grego. O que se pretende é uma recalendarização dos prazos de amortização dos títulos, sem alterar o seu valor, nem a taxa de juro que lhe está associada. Mas isso algo que as agências de “rating” ameaçam tratar como reestruturação, pelo que a margem de manobra dos políticos para mexer na dívida grega é apertadíssima.
6-Porque é que se rejeita falar de “reestruturação”?
Muitos analistas consideram que a Europa está a empurrar o problema com a barriga e que, com uma dívida pública superior a 150% do PIB, pagar toda a dívida será uma missão impossível: mais cedo ou mais tarde, a Grécia terá de reestruturar, forçando os credores a aceitar um perdão parcial.
Nenhum responsável europeu defende, porém, uma reestruturação pura e dura, e a mais arreigada oposição tem vindo do BCE, que é um dos maiores detentores de títulos gregos (públicos e privados).
Uma reestruturação da dívida grega significaria sempre perdas elevadas e exigiria um reforço do capital do banco emissor do euro que ninguém quer, e poucos têm condições para fazer. Segundo estimativas do Barclays, o BCE terá o equivalente a 70 mil milhões em títulos de dívida soberana, sendo que quase metade (40 mil milhões de euros) é dívida grega, comprada no mercado secundário, ao longo do último ano, para tentar travar a subida das taxas de juro e um contágio a demais países do euro – objectivos amplamente falhados.
Por outro lado, uma reestruturação tenderia a gerar uma sequência de acontecimentos que poria (ainda mais) em risco o euro: depois de um “calote”, é provável que a Grécia fique longos anos ou mesmo décadas arredada dos mercados (e, logo, a ter de ser financiada pelos seus parceiros); o fenómeno poderia rapidamente contagiar os outros países já intervencionados (Portugal e Irlanda) e, nesse caso, dificilmente a “solidariedade” da Zona Euro resistira.
7- Como é que estão a ser aliciados os bancos?
Os bancos e fundos que se associarem ao novo programa grego poderão obter o estatuto de credor preferencial. Ficarão, assim, equiparados aos soberanos e ao FMI, o que significa que serão os primeiros a ser ressarcidos num cenário (precisamente o que se quer agora evitar) de incumprimento da Grécia que force a uma reestruturação pura e dura. A troco de maturidades mais dilatadas, sem alteração do capital e da taxa de juro acordada, estes credores poderão ainda obter pagamentos intermédios de juros.
8-Porque é que se faz referência à “Iniciativa de Viena”?
Porque as conversações com credores privados da Grécia estarão a seguir o exemplo da "Iniciativa de Viena", que, em 2009, enquadrou as intervenções externas no Leste europeu (designadamente na Hungria e Roménia), tendo os bancos mais expostos à dívida pública aceite recalendarizar os prazos de amortização e renovar contratos que haviam chegado ao prazo de vencimento, a troco de condições mais favoráveis.
9- E os gregos vão aceitar o novo plano?
Essa tem sido uma das variáveis mais sensíveis nesta equação complexa. Greves, manifestações violentas, ameaças de morte dirigidas ao presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, rebelião dentro do próprio Pasok, no governo … Tudo ilustra a enorme tensão política que se vive no país e que se agravou recentemente em torno do programa de privatizações. Para além de acusarem Bruxelas e Washington de terem exigido um programa de austeridade que hipoteca o crescimento da economia, partidos e sindicatos acusam a comunidade internacional de estar a forçar a venda de activos estratégicos a grandes bancos internacionais e a preço de saldo.
10- Quando é que o novo programa será aprovado?
Ainda neste mês. Estará hoje em cima da mesa dos ministros das Finanças do euro; voltará a ser discutido numa outra reunião no dia 20, com o objectivo de ser aprovado na cimeira europeia de 23 e 24 de Junho.
Fonte Negócios Online
Alguns vídeos sobre o que está acontecendo :
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