domingo, 25 de setembro de 2011

Líder da União Africana denuncia a farsa das "intervenções humanitárias"


O presidente em exercício da União Africana Theodore Obiang Nguema Mbasogo afirmou na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, que a ONU “está a ser usada fraudulentamente sob o pretexto de intervenções humanitárias para violar os direitos humanos dos povos mais afetados” e condenou o uso da força na resolução dos conflitos.

Ao discursar na quarta-feira na 66ª sessão da Assembleia Geral da ONU, Theodore Obiang Nguema Mbasogo denunciou que a África “enfrenta uma nova versão neocolonialista de intervenção de forcas por razões e princípios humanitários e de liberdades democráticas” e pediu ao continente “para fazer valer a União Africana e a sua personalidade politica internacional”.

O também presidente da Guiné Equatorial sublinhou que o uso da força “não é factor de aglutinação mas de divisão e destruição” e que África sempre se manifestou a favor de uma solução pacífica dos conflitos, mediante o diálogo, a mediação e a negociação.
“O uso da força nunca deu uma solução definitiva aos conflitos desde a criação das Nações Unidas, como se pode comprovar pelos diferentes conflitos havidos nos últimos 50 anos”, frisou o líder em exercício da União Africana.
Obiang Nguema defendeu que as Nações Unidas devem dar voz aos menos poderosos e que isso passa pela democratização de todos os seus órgãos. “A Organização das Nações Unidas deve ser reformada e retomar o seu carácter de representatividade mais equitativa e justa diante da actual tendência de se converter num clube de poderosos”, acrescentou Obiang Nguema.
As críticas do presidente da União África surgem na sequência da intervenção aérea da OTAN na Líbia com o respaldo das Nações Unidas e sem que a organização continental fosse tida em conta.

Zuma pede imparcialidade

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, defendeu, no seu discurso na Assembleia Geral, a independência e imparcialidade das Nações Unidas e a promoção dos princípios da sua Carta constitutiva em caso de conflitos e crises. “As Nações Unidas nunca deveriam tomar partido num conflito, mas manter sempre a imparcialidade”, frisou o líder sul-africano, que acrescentou: “as Nações Unidas não devem permitir que seja usada por qualquer país, independentemente da sua história ou tamanho”.
Jacob Zuma considerou que desenvolvimentos internacionais recentes tornaram mais urgente a necessidade de se intensificar a agenda de reforma das Nações Unidas, particularmente do Conselho de Segurança e das instituições de Bretton Woods, designadamente o FMI e o Banco Mundial.
Jacob Zuma reafirmou o apelo para que África seja representada como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU e defendeu reformas substantivas no órgão decisório da organização.
O conselho de segurança, frisou, deve primar pelo princípio equitativo da representação geográfica.
O estadista sul-africano destacou a importância das organizações regionais na resolução de conflitos e nos processos de mediação e negociação, e defendeu o reforço do papel desses organismos na gestão dos diferentes conflitos.

Valorizar a mediação

Ao intervir no debate geral, o presidente de Moçambique pediu a valorização da mediação das Nações Unidas e das organizações regionais e sub-regionais e recordou que o carácter universal da ONU confere ao organismo “um papel fundamental na promoção da paz e segurança internacionais com recurso a meios pacíficos na resolução de disputas”.
Armando Guebuza defendeu a conclusão do processo de reformas das Nações Unidas e a revitalização da Assembleia Geral como órgão mais representativo e legítimo da organização.
Para o Chefe de Estado moçambicano, “só uma Assembleia Geral forte, dotada da necessária autoridade e competência e de recursos adequados estará à altura dessas responsabilidades e dos desafios da actualidade internacional”.
Os líderes presentes na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas deram as boas vindas ao mais novo Estado membro das Nações Unidas, o Sudão do Sul, e pediram o reforço da assistência humanitária para acudir as vítimas da seca e da crise de fome na Somália e na região do Corno de África.

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